Encontro Montes Claros

O perfil da juventude rural mineira é caracterizado por jovens que querem ter a opção de permanecer no campo, dando continuidade às atividades dos pais na agropecuária; querem ter orgulho de ser produtores rurais e tirar da atividade a principal fonte de renda familiar; estão totalmente conectados com o aparato tecnológico do mundo moderno, usando as ferramentas não apenas para diversão mas também como instrumento de acesso à informação e querem se mobilizar para garantir que o poder público, em todas as suas esferas, garanta condições de permanecer no meio rural com dignidade e qualidade de vida.

Estas são algumas das principais características levantadas durante as Oficinas da Juventude Rural, organizadas pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com a Emater-MG, entre os meses de julho e agosto. Os encontros foram realizados em sete municípios mineiros – Brumadinho, Alfenas, Teófilo Otoni, Governador Valadares, Viçosa, Uberaba, e Montes Claros, e reuniram 220 lideranças jovens, além de técnicos, representantes de instituições de ensino, ONGs e outras entidades que atuam com o público jovem. Segundo a assessora técnica da Secretaria da Agricultura, Fabrícia Ferraz Mateus Lopes, a presença superou a meta estabelecida. “Procuramos trazer para esses encontros as lideranças de cada região, jovens que são formadores de opinião, engajados na atividade agropecuária e cuja participação terá um efeito multiplicador em suas comunidades”, explica.

Além da presença, o nível de engajamento dos participantes também superou as expectativas. “Contabilizamos cerca de 150 propostas apresentadas nesses encontros, que abrangem os temas considerados sensíveis pelos jovens. Algumas proposições englobam demandas por políticas públicas que são universais, como saúde, educação, segurança, cultura e lazer. Mas tivemos também propostas e demandas que são específicas por região, especialmente aquelas que são ligadas às atividades produtivas. Essa diversidade, apresentada diretamente pelos jovens, nos permite ter um retrato bem preciso desse público tanto em nível de estado quanto em termos de recorte diferenciado por territórios”, explica a assessora técnica da Seapa.

O que eles querem

“Quero ter condições de permanecer no campo, trocar experiências, aumentar meu conhecimento e melhorar minha qualidade de vida”. A resposta de Wesley de Lima Santos está na ponta da língua, sem precisar pensar muito. Jovem, filho de produtores rurais que se dedicam à fruticultura no município de Jaíba (Norte de Minas), ele participa da última oficina realizada em Montes Claros, nesta segunda (29) e ressalta que precisa de cursos de capacitação. “Quero dar sequência ao que meus pais fazem, mas quero fazer sempre melhorando, investindo no conhecimento para ter maior produtividade e maior retorno”, afirma.

Entre os participantes das oficinas também há aqueles que já tiveram que sair por enxergar oportunidades melhores fora da porteira da propriedade e agora estão retornando porque a atividade rural da família já se configura não só como esperança mas também uma boa opção de renda familiar. “Sempre ajudei meus pais na atividade, mas saí e fiquei quase seis anos trabalhando na mineração, uma atividade que está em declínio e tornei a enxergar o campo como oportunidade e é aqui que quero ficar”, afirma o produtor Edimar Gomes Brasil, presente na primeira oficina jovens rurais, realizada em Brumadinho no mês passado.

Perfil da Juventude Rural Mineira

Tudo o que foi falado pelos jovens, seus sonhos, expectativas e demandas farão parte do documento “Perfil da Juventude Rural Mineira”. Elaborado em parceria com a Emater-MG, ele resgata o histórico de todas as políticas públicas e privadas direcionadas para a juventude ao longo de sete décadas e vai apresentar as demandas e necessidades levantadas durante essas oficinas. “Esse documento será apresentado em diversas esferas do governo, especialmente aqueles que atuam diretamente com a juventude. Nossa expectativa é que ele seja um parâmetro importante para balizar as ações governamentais, visando à otimização das ações e dos recursos para se alcançar os melhores resultados”, explica a assessora Fabrícia Ferraz.